Um destes dias numa escola do Alentejo, mais uma vez para falar dos
livros; sobretudo do último, em que nas diversas histórias entram
animais aqui das redondezas. Uma turma de meninos e meninas de seis e
sete anos, entusiasmados quando falavam dos animais que já tinham
encontrado e das situações em que isso tinha acontecido. Mas a certa
altura, já não me lembro por quê, uma menina lembrou-se de um programa
de vampiros que via na televisão. Foi o suficiente para um intervalo só
para falar de vampiros. Dos da televisão e dos dos livros. Eu já sabia
da moda dos vampiros, mas não imaginava que havia tanta coisa. Nesse
intervalo, consegui com a ajuda de toda a turma, perante o olhar
complacente da professora, apontar nove características de um vampiro.
Para além de algumas relacionadas com os dentes e com sangue, lembro-me
de duas de que não estava à espera: os vampiros deslocam-se a grande
velocidade e abanam a cabeça com frequência. Um menino da última fila,
que estava sempre de dedo no ar para conseguir participar, garantiu-me
mesmo que estas duas características nunca falham num verdadeiro
vampiro. Vou passar a andar mais atento na rua.
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